Distribuição Peças Aftermarket: crescimentos, desafios e transformações

O mercado de distribuição de peças automóveis apresentou em 2024 um novo ciclo de crescimento, refletindo a vitalidade do setor aftermarket e a sua capacidade de adaptação num contexto de transformação acelerada. De acordo com os rankings mais recentes, todas as principais categorias registaram evoluções positivas
Os 100 Maiores Distribuidores de Peças para Ligeiros atingiram quase 1,6 mil milhões de euros em faturação, um crescimento de 9,9% face a 2023. Nos veículos pesados, os 25 maiores distribuidores somaram 197,9 milhões de euros, mais 10,5% que no ano anterior. Já os 25 Maiores Distribuidores de Equipamentos para Oficinas alcançaram 140,7 milhões de euros, representando um aumento de 8,2%. No segmento de repintura, o crescimento foi mais moderado, com 97,2 milhões de euros e um acréscimo de 4,3%. Por fim, os 17 principais distribuidores de pneus atingiram 323 milhões de euros, crescendo 7,2%.
Este desempenho positivo resulta de diversos fatores estruturais. O envelhecimento do parque automóvel impulsiona a procura por manutenção e reparação, beneficiando oficinas independentes e fornecedores de peças. Paralelamente, a retração na compra de carros novos, motivada por fatores económicos, sociais e culturais, reforça a relevância do aftermarket. A perda do automóvel como símbolo de status e o maior cuidado com o orçamento familiar têm levado muitos consumidores a optar pela manutenção do veículo existente, em vez da substituição.
Apesar do otimismo, o mercado enfrenta desafios significativos. A escassez de recursos humanos qualificados é uma das maiores preocupações, afetando diretamente a produtividade e a capacidade de resposta. A logística também se tornou um ponto crítico. O aftermarket evoluiu para um negócio essencialmente logístico, no qual o número excessivo de entregas diárias gera custos elevados e pressiona toda a cadeia — dos distribuidores aos retalhistas e oficinas. A diferenciação pelo serviço rápido é uma vantagem competitiva, mas exige equilíbrio entre agilidade, sustentabilidade e eficiência operacional. Ajustar o número de entregas às reais necessidades das oficinas e à capacidade dos retalhistas é essencial para manter um modelo sustentável.
O futuro do setor será moldado por três grandes vetores: consolidação, digitalização e sustentabilidade. A concentração do negócio através de fusões, aquisições e entrada de capital estrangeiro deverá intensificar-se, enquanto a digitalização dos processos será exponencial, transformando a logística, a gestão e a relação com o cliente. Entre as principais tendências destacam-se o avanço das plataformas digitais de gestão e compra de peças, o uso crescente de Inteligência Artificial para otimizar operações e melhorar a experiência do cliente, e o desenvolvimento de soluções logísticas mais sustentáveis.
A eletrificação do parque automóvel também trará novas exigências técnicas e oportunidades de negócio. Em suma, o mercado de distribuição de peças vive um momento de equilíbrio entre tradição e inovação. O crescimento de 2024 comprova a sua resiliência, mas o futuro exigirá mais do que expansão: será necessário alinhar tecnologia, sustentabilidade e qualificação humana. As empresas que conseguirem integrar estes pilares estarão melhor posicionadas para liderar a nova era do aftermarket e desempenhar um papel central no futuro da mobilidade.




