“Estamos empenhados na transformação para novas áreas de negócio”

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Sabendo que os veículos elétricos têm menos peças e, portanto, requerem menos manutenção do que os veículos de combustão interna, Carlos García, Senior Manager Marketing & Operations Iberia Region da Niterra (fabricante velas NGK), considera que “haverá uma maior necessidade de serviços especializados para sistemas elétricos e baterias, bem como para software. As oficinas precisam de começar a investir em formação técnica, equipamento e tecnologia adaptada aos VE, tais como estações de carregamento e ferramentas especializadas. Perder a oportunidade de fazer este investimento agora pode deixar as oficinas fora da sua concorrência num futuro próximo”

A seu ver, “uma das consequências da eletrificação do parque automóvel é o crescimento da economia circular e da sustentabilidade que impulsionará a reutilização e o refabrico de peças automóveis”.

Já a chegada ao mercado de fabricantes multimarcas com qualidade comprovada e preços muito competitivos, “representa um desafio considerável para as marcas premium, que terão de continuar a diferenciar-se através da inovação, da tecnologia e, em suma, da qualidade superior, bem como oferecer melhores garantias e um serviço pós-venda cuidado”.

No entender de Carlos Garcia, “desde há alguns anos que o mercado de assistência se tem vindo a consolidar em grandes operadores com grande poder logístico e de compra, o que coloca em risco a viabilidade dos operadores mais pequenos. A alternativa para os mais pequenos será especializarem-se em nichos de mercado ou em serviços personalizados para poderem competir”, defende.

Sobre a forma como serão feitas as encomendas aos fornecedores, num futuro próximo, o responsável diz que “dependerá da abordagem de cada retalhista e da situação atual da cadeia de abastecimento global. Os avanços na logística permitirão aos distribuidores encomendar com maior frequência e em menores quantidades nos próximos anos, reduzindo a necessidade de grandes stocks, o que reduzirá os custos de armazenamento e aumentará a eficiência e a rentabilidade do negócio”. Por outro lado, a inteligência artificial “otimizará o controlo do inventário, afinará a previsão da procura e efetuará encomendas automatizadas com base em padrões de rotação definidos por cada distribuidor de acordo com os seus objetivos de cobertura e disponibilidade”.

Questionado sobre o futuro, Carlos García responde que “há já alguns anos que, na Niterra, estamos empenhados na transformação para novas áreas de negócio que respondam às novas necessidades do mercado. Sabemos que o mercado está a caminhar para a eletrificação, mas também sabemos que haverá um processo de transformação que não será imediato, o que nos permitirá continuar a oferecer oportunidades de mercado para fabricantes como a Niterra, que estão empenhados em maximizar o serviço pós-venda para que toda a cadeia de valor do aftermarket possa continuar a oferecer um serviço de manutenção ótimo a todos os clientes que utilizam veículos de combustão interna.

É por isso que na Niterra trabalhamos em paralelo considerando a transformação da nossa gama de produtos e serviços para responder a uma frota mais eletrificada e, ao mesmo tempo, continuamos a ampliar a gama de produtos disponíveis para continuar a fornecer ao mercado as peças sobressalentes necessárias para a manutenção adequada dos veículos com motores de combustão, híbridos ou não, tanto para o mercado de automóveis de passageiros, motos, todo-o-terreno ou jardinagem e náutica”, termina.

Esta entrevista também está disponível na edição impressa e online da Revista TOP100 Distribuidores 2024, aqui.