“Estamos numa dinâmica muito positiva”

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O responsável máximo do grupo Nexus mostra-se atento à rápida evolução do setor, mas não teme o advento dos veículos elétricos, que, antevê, não serão o único caminho para a evolução dos transportes. Defende que estes são já uma parte do parque automóvel, para a qual devem estar preparados, mas diz-se “muito cético” que esta seja a solução para o futuro

Assinala que “a infraestrutura atual não é suficiente, nem se está a desenvolver suficientemente para ir ao encontro de um parque automóvel que seja predominantemente feito de veículos elétricos” e relembra que o preço destes automóveis continua a ser uma barreira importante, especialmente no hemisfério sul do globo.

Por outro lado, numa altura em que é possível remanufaturar ou reutilizar 70% das peças de um carro, Gael Escribe acredita que estas ocuparão um lugar cada vez maior no negócio do aftermarket automotivo. Embora nas últimas décadas este setor tenha registado um declínio, o CEO do grupo afirma que “desenvolver peças remanufaturadas é algo que está nos nossos projetos e queremos ter mais referências”. A chegada ao mercado dos fabricantes multimarca, com qualidade comprovada e preços competitivos, traz alterações ao negócio. Escribe entende que, perante um parque automóvel em que metade dos carros tem uma idade superior a dez anos, este segmento só poderá tender a evoluir: “O consumidor procura uma solução mais económica, mas com qualidade, porque as pessoas querem manter os seus carros por mais tempo. Nesta incerteza, os consumidores preferem investir menos, talvez 30%, mas numa solução de qualidade”.

Também a distribuição será diferente num futuro a médio prazo, pois é necessário ter processos de abastecimento mais simples, “e porque não abastecer diretamente da fábrica?”, deixa a questão no ar. “Se formos capazes de prever e trabalhar lado a lado com os fabricantes, conseguiremos de certeza ter um melhor serviço por parte do fabricante e poderemos reduzir o stock. É aí que está o futuro”, considera.

Gael Escribe analisa o fenómeno da consolidação no aftermarket automotivo com muita clareza, salientando que mesmo que os resultados das grandes empresas não sejam os melhores, esta é uma tendência que se está a tornar “inevitável na nossa indústria. De forma ideal, se pudéssemos ter um projeto de consolidação e manter o espírito das empresas de média dimensão, seria uma vitória dupla”. Na opinião do nosso interlocutor, as peças impressas em 3D “já são uma realidade, pelo que têm de ser incorporadas no negócio”. No entanto, Gael Escribe aponta a inteligência artificial como o tema que está agora a provocar debates e não tem dúvidas de que “a inovação tem de fazer parte das estratégias dos líderes do aftermarket automóvel”.

Questionado sobre a forma como o grupo Nexus vê o futuro deste negócio, o CEO diz-nos que esta “é uma indústria que tem muito crescimento para oferecer nos próximos anos. Em primeiro lugar o parque automóvel está a crescer e a envelhecer, pelo que estamos numa dinâmica muito positiva. E, no que diz respeito à Nexus, somos ainda uma empresa muito jovem, que está a diversificar e a construir um modelo de negócio no pós-venda automóvel que é diferente dos tradicionais grupos de compras internacionais. A cultura que temos, que é feita de empreendedorismo, de agilidade e de inovação, vai fazer a diferença nos próximos anos. Penso que temos os ingredientes para construir um modelo que estará alinhado com as exigências do mercado de pós-venda nos próximos 10 anos”, remata.

Esta entrevista também está disponível para leitura na edição impressa e online da Revista TOP100 Distribuidores 2024, aqui.