Fábrica da Northvolt fecha portas
A maior fábrica europeia de acumuladores para veículos elétricos, a Northvolt, faliu. Segundo a administração, não houve forma de gerir uma dívida acumulada de 5,8 mil milhões de euros com apenas 30 milhões em caixa, mesmo depois de afastar cerca de 25% dos seus funcionários antes do pedido de falência
Fundada em 2015 na Suécia por dois ex-funcionários da Tesla, das áreas de planeamento e gestão de fornecedores, a Northvolt entregou a primeira bateria a clientes em 2022, já depois de em 2019 ter anunciado planos de construir uma segunda fábrica na Alemanha, em parceria com o Grupo VW, e em 2023 uma terceira instalação fabril, no Canadá. Investidores não lhe faltavam, da VW que adquiriu 20% da empresa por 900 milhões de euros, à BMW que encomendou 2000 milhões de euros de baterias, passando pela Volvo (que é sócia da fábrica sueca), além da Scania CV AB, do Banco Europeu de Investimentos, da Goldman Sachs, da Folksan e de fundos ambientais (green lending) para fins sustentáveis.
Apesar de bem financiada, a Northvolt sempre sentiu dificuldades em fabricar o desejado número de células para baterias com a qualidade necessária, o que lhe causou os dois problemas que agora a ameaçam derrubar. Por um lado, a não entrega a clientes das células encomendadas reflete-se na faturação e no cashflow e, por outro lado, os constantes atrasos levaram a que alguns clientes desistissem das encomendas e preferissem optar por outro fornecedor. O caso mais conhecido é o da BMW, que denunciou o acordo para adquirir 2000 milhões em células, em virtude dos mencionados atrasos e deficiências do produto.
Para evitar o encerramento da Northvolt, a administração recorreu ao juiz de insolvências do tribunal norte-americano, solicitando proteção de credores e uma negociação para recuperação da empresa, que na ocasião tinha em caixa somente 30 milhões de euros, a verba necessária para apenas uma semana. Entretanto, a Volvo já se propôs a adquirir a quota da Northvolt na fábrica de baterias sueca, enquanto a VW pretende assumir a totalidade do capital da fábrica alemã.