“Irão surgir outras oportunidades de negócio para o novo parque automóvel”
No entender de João Casinhas, Head of AM AFTM Iberia da OSRAM, “as oficinas terão de se preparar tendo em conta a quantidade de carros elétricos que estão já no parque automóvel. A mudança será lenta, mas as oficinas deverão estar preparadas para mudar à velocidade que o parque automóvel evoluir, e por isso terão de estar atentos às tendências do mercado”. O mesmo considera que se nota “maior incerteza neste momento no mercado”, calculando-se que as peças de alta rotação “poderão ter uma queda de cerca de 50% nos próximos 5 a 10 anos”
Olhando para o core business da OSRAM, o responsável acredita que a venda das peças reutilizadas ou remanufaturadas “não terá grande impacto no imediato. No entanto, achamos também que o negócio das peças reutilizáveis irá ter um crescimento significativo nos próximos anos”.
Para João Casinhas, “a chegada ao mercado de fabricantes multimarca com uma qualidade comprovada e um preço muito competitivo, assim como as grandes marcas próprias, pode trazer alguns desafios às marcas premium. Porém, a aposta na inovação e na tecnologia permite posicionar a marca premium como uma marca de qualidade superior e de confiança para o consumidor, assegurando a sua diferenciação face às restantes marcas”, defende, verificando “uma tendência de concentração da distribuição pelos benefícios e ferramentas que estes grandes distribuidores oferecem. No entanto, a especialização dos distribuidores poderá ser fator de desenvolvimento e diferenciação”.
No que respeita aos pedidos aos fornecedores, num futuro próximo, o Head of AM AFTM Iberia da OSRAM afirma que “uma boa gestão de stock é importantíssima, nomeadamente dos fast movers, pois ter ou não ter stock faz toda a diferença na venda e o mesmo se aplica aos pedidos”.
Já sobre a descarbonização dos transportes na Europa, prevista para 2050, João Casinhas destaca que “há sempre oportunidades de negócio. Se a descarbonização vem eliminar alguns componentes para os veículos a combustão, irão surgir outras oportunidades para o novo parque automóvel. Há que acompanhar de perto as tendências e adaptar a empresa às novas realidades”.
Questionado sobre os avanços tecnológicos no mundo da informática que permitem já a impressão 3D de certos tipos de peças, o nosso interlocutor afirma que “a distribuição é bastante atenta às novas tendências e certamente irá preparar-se com tempo suficiente para enfrentar estes desafios”.
Para João Casinhas, “a IA será uma ajuda transversal em todas as áreas das empresas. No fabrico e distribuição de componentes em concreto, vemos a ação da IA importante e vantajosa, por exemplo, no que concerne à otimização de toda a cadeia logística”.
Sobre o futuro, o responsável revela que “a OSRAM é uma empresa em constante evolução, focada na inovação e na qualidade dos seus produtos e que se tem reinventado ao longo dos seus mais de 110 anos de existência. Por isso, se certezas pode haver, é que muitas novidades nos aguardam nos próximos anos, nomeadamente ao nível condução autónoma, cidades inteligentes, reconhecimento facial, etc…”.
Esta entrevista também está disponível na edição impressa e online da Revista TOP100 Distribuidores 2024, aqui.