“Mais do que elencar o que falta, importa valorizar o que se tem”, João Alberto Catalão, empresário

10 - N2_Joao Alberto Catalao

Em entrevista ao JO, João Alberto Catalão, empresário, coach e mentor executivo, speaker, docente e autor de livros motivacionais, partilhou a sua opinião sobre como deve ser uma liderança eficaz

No contexto atual, “os líderes sentem que não chegam para tudo… e não chegam mesmo, nem devem chegar. O papel dos líderes é consciencializar, inspirar-se e inspirar, inovar e inovar-se, responsabilizar e favorecer a autonomia de cada elemento da equipa, a par de um forte sentido de equipa para a entreajuda e criatividade”, afirmou.

Pessoas. Um capital essencial numa empresa. No entanto, manter uma equipa motivada em ambientes com altos níveis de stress, competitividade e prazos apertados pode ser um grande desafio. Para superar esta dificuldade, João Alberto Catalão apresenta uma solução clara: “A motivação é uma energia que vem de dentro e que é ativada de forma diferente em cada profissional. Em vez de gastar tempo e dinheiro inutilmente a tentar adivinhar como pode motivar a equipa no geral, deve investir os seus recursos a despertar a auto motivação em cada um dos colaboradores”. Mas não só. Trabalhar um propósito também permite orientar e inspirar uma equipa, proporcionando um “sentido de orientação” e significado nas suas tarefas diárias. “O propósito é muito diferente de objetivos e de metas. O propósito responde à pergunta: Para que vivo e trabalho? O que me faz correr? Os objetivos respondem à pergunta: O que, ou a quem, afetará o meu propósito? As metas respondem à pergunta: Quanto devo esperar para obter resultados?”, explicou.

E acrescenta: “A performance em ambientes competitivos é muito mais do que o cumprimento de “meros” objetivos. Gerir pessoas de forma eficaz implica ter o foco na concretização, porque é isso que nos permitirá sobreviver. Acima de tudo, ser eficientes na execução, pois isso determinará a rentabilidade, credibilidade e sustentabilidade no mercado”.

Sobre a escassez de talento, a atração e a retenção de pessoas nas equipas, João Alberto Catalão elenca um aspeto que considera importante: a necessidade de “lideranças focadas mais no ser do que no ter”. Isto é, “colaboradores envolvidos num propósito comum, cuja liderança valoriza o debate e a partilha de ideias, estarão decerto mais alinhados e preparados para os desafios neste contexto. Nada será como dantes”, sublinhou.

Outro desafio comum em qualquer negócio são os conflitos e a tomada de decisões difíceis. Para uma liderança eficaz, é necessário que os líderes possuam competências específicas, como a capacidade de fazer as “perguntas certas”. “Acreditamos que é na melhor pergunta que está a melhor resposta. Os líderes que fazem perguntas poderosas têm a capacidade de quebrar a rotina, despertar a atenção, estimular a observação e a criação de novas possibilidades”, referiu.

Além disso, quando falamos em estratégias de liderança sustentadas, “o desenvolvimento da performance não deve ser suportado por uma liderança meramente transacional, a qual apenas promove o fornecimento de informação ou conhecimento, que muitas vezes não é posto em prática. A performance em ambientes competitivos deve ser suportada por uma liderança transformacional que promove o crescimento intrínseco, auto motivação e autonomia de cada profissional”, frisou.

Ao longo deste artigo foi possível compreender que o maior ativo de uma empresa são os seus profissionais, uma ideia partilhada por João Alberto Catalão, que conclui que a fórmula do sucesso está na liderança pela proximidade. “Estar próximo das pessoas. Conhecer e gerir cada um como um valor único. Estimular a inovação e a aprendizagem contínua. Mais do que elencar o que falta, importa valorizar o que se tem. Faltar-nos-á sempre alguma coisa, mas poderemos sempre fazer mais alguma coisa com o que já temos”, finalizou.

Poderá também ler este artigo na edição impressa do Jornal das Oficinas, aqui.