“A distribuição em Portugal está altamente profissionalizada”, Paulo Pinto, Schaeffler

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Recuperar os níveis de stock anteriores à pandemia tem sido uma tendência, porque no setor da distribuição de peças “há a consciência de que quem tem a peça faz a venda”, diz-nos Paulo Pinto, responsável de vendas para Portugal da Schaeffler Automotive Aftermarket Spain

A marca está a crescer de forma transversal, abarcando praticamente todas as gamas de produto e “o único fator diferenciador são as limitações logísticas, que afetaram as vendas dos produtos mais pedidos”, conta. Um setor que tem “uma grande capacidade de adaptação e de resiliência, pode ver-se afetado por fatores como a situação económica mundial, a pressão fiscal ou a inflação”, o que pode afetar a estabilidade que agora se vivencia, defende. Com as previsões de que o parque automóvel continue a envelhecer, o potencial do mercado manter-se-á, afirma, ainda que “se veja uma tendência de redução das margens, devido a questões comerciais e logísticas. Contudo, mesmo que este ambiente pressione o mercado, este está destinado a adaptar-se para manter a sua competitividade e garantir a sua rentabilidade, como já aconteceu noutras situações”.

Sobre o facto de os distribuidores se verem de certo modo «forçados» a manter elevados níveis de existências, Paulo Pinto explica que “se bem que o stock tem um custo elevado, é preciso não esquecer que proporciona uma vantagem competitiva. Quem tem a peça faz a venda, ou seja, quem quer vender, tem que apostar em ter stock de produtos. Neste sentido, é cada vez mais necessário garantir uma flexibilidade e rotação ajustada, fazendo estudos periódicos e trabalhando com os fornecedores para melhorar a eficácia e rentabilidade do stock”.

O responsável português da Schaeffler Automotive acredita que “a distribuição em Portugal está altamente profissionalizada e a evoluir há muito tempo, no sentido de responder aos desafios do mercado. Não há dúvida de que esta capacidade de evoluir se manterá no futuro”, diz.

Uma das formas para melhor se prepararem para o mercado é, a seu ver, a concentração, uma solução que muitos operadores encontraram e que “aumenta a concorrência. Atualmente, um desses grandes grupos de distribuição, já está a operar em Portugal e o mercado já teve capacidade de se adaptar. A entrada de mais operadores exigirá que os restantes se ajustem para manter a competitividade e, como já mencionei, a capacidade de adaptação é uma qualidade que define a distribuição portuguesa”.

Sobre o futuro do setor, Paulo Pinto está certo de que “se irá vender tudo o que o mercado precise e procure. Os distribuidores continuarão na sua atividade de venda de peças para os novos veículos mais sustentáveis, mas, além disso, haverá serviços, como a assistência técnica, a formação ou novos conceitos de redes oficinais, entre outros, que seguramente terão uma presença mais importante na faturação dos operadores”, antevê. Para começarmos a ver mudanças, “vai depender muito da evolução do mercado e do parque. Se se mantiver este ritmo de envelhecimento, os modelos de negócio mais tradicionais vão continuar a ter uma presença importante. Pelo contrário, se o parque começar a mudar, acelerar-se-á a chegada de novos modelos e oportunidades de negócio”, remata.