“Este ano vai ser o melhor de sempre”, Paulo Costa Pinto, MF Pinto
É na crista da onda que a MF Pinto, especialista na comercialização de sistemas de injeção e turbocompressores, celebra o vigésimo aniversário. Integra desde novembro 2023 o grupo de compras internacional TEMOT e espera fechar o ano com o melhor resultado de sempre, depois de uma evolução muito positiva ao longo da última década. Fomos falar com o CEO, Paulo Costa Pinto, que nos fez o balanço destes vinte anos
Paulo Costa Pinto e o irmão Jorge Costa Pinto fundaram a MF Pinto em Carnaxide, em junho de 2004. O início, conta Paulo, “foi difícil e atribulado, éramos poucos: eu, o meu irmão e mais dois comerciais, mas qualquer início é sempre complicado, não é? Tínhamos umas instalações pequenas, com cerca de 200 metros quadrados, e estivemos sempre apoiados na parte de Diesel e dos Turbocompressores, que foi e continua a ser o nosso «core business», sendo que ao longo do tempo fomos também comercializando outro tipo de produtos”. Na primeira década, recorda, apesar do “difícil arranque, tivemos o apoio de muitos clientes, o que acabou por ser vital para a continuidade da empresa. São os clientes que sustentam a empresa e nós sempre tivemos bom relacionamento com eles, portanto, isso ajudou-nos imenso”, diz o CEO, que tem noção do muito que se alterou neste mercado. “Antes, muitas vezes, os clientes esperavam 24 horas para nós entregarmos a peça. Hoje em dia, se uma pessoa não tiver a peça na prateleira, o cliente vai à procura no concorrente, é normal. A concorrência está cada vez mais forte, é tudo muito mais competitivo”, considera Paulo Costa Pinto.
Se, inicialmente, não representavam qualquer marca, trabalhando, claro, com as maiores, “mas não como representantes ou distribuidores”, com o passar do tempo, conquistaram um estatuto cada vez mais destacado. “Fomos crescendo, aumentando a nossa faturação e aumentando também a nossa estrutura, de tal forma que, em 2010, fomos obrigados a mudar de instalações. Foi então que viemos aqui para Sintra. Esse foi um ano de grandes investimentos e tivemos que nos estruturar de outra forma, para partirmos para uma realidade completamente diferente”, refere, lembrando que “com bastante stock já podíamos responder às necessidades dos nossos clientes mais rápida e eficazmente. A partir daí, começámos a adotar também uma política de entregas mais regular e fiável, para prestar um serviço completo, desde a chamada telefónica, até a entrega da peça no cliente, foi uma mais-valia para nós”, declara.
Abrir novas portas
Na segunda década – “não que tenha sido mais fácil”, alerta Paulo Costa Pinto – “já fomos abrindo outras portas que anteriormente não teríamos conseguido, nem que fosse pelo facto de as instalações não o permitirem. Expandimos para o Porto em 2017, fizemos a ampliação destas instalações, comprando o armazém aqui ao lado e, neste momento, temos dois mil metros quadrados de área em Sintra e 700 m2 na área industrial da Maia”, comenta. O CEO destaca especialmente, nesta fase, o início da distribuição da marca BorgWarner, e, desde o ano passado, a distribuição da Mitsubishi: “Fomos ganhando a confiança por parte desses fabricantes, a BorgWarner foi a primeira a dar-nos balanço, de seguida a Mitsubishi… e depois é tudo uma bola de neve. No caso da Mitsubishi, este foi o primeiro ano e está a correr excecionalmente bem. Eles ficaram bastante admirados com o nosso potencial, com os números que apresentámos nos primeiros seis meses, mas sendo este o nosso core business, nós sabíamos o que estávamos a fazer”, explica.
Novembro de 2023 ficou ainda marcado pela entrada da MF Pinto no grupo TEMOT, com a empresa a apostar em presenças na feira Automechanika de Frankfurt com o propósito de angariar novas marcas e clientes a nível internacional. Passar a integrar o grupo de compras internacional ajudou a empresa a “ter mais notoriedade e a chegarmos a marcas que não poderíamos, ou não equacionávamos sequer conseguir”. Paulo Costa Pinto realça a participação da MF Pinto na TEMOT Summit, em maio, onde se realizaram “reuniões com os principais parceiros da TEMOT, para desenvolver mais negócio. Conseguimos ficar com a distribuição da Bilstein e Vitesco para Portugal e temos já outros fornecedores em mente. É claro que o trabalho é nosso, mas a TEMOT apoia bastante, porque eles têm os conhecimentos e as pessoas certas com quem falam, o que possibilita outro tipo de aproximação. Eles são muito ativos e proativos e têm sempre novas ideias e novos projetos. Ajudam-nos bastante”, enaltece.
Diversificar para não ficar para trás
A problemática ecológica da pegada de carbono deixa os responsáveis da MF Pinto “preocupados” e Paulo Costa Pinto assume que têm “a noção de que o negócio irá sofrer bastantes alterações nos próximos anos. O futuro do Diesel é uma incógnita, as vendas provavelmente irão decrescer, já muitas marcas deixaram de produzir carros a gasóleo e, a nossa esperança, enquanto distribuidores ou especialistas nesta área, é que o gasóleo sintético apareça. Já há estudos nesse sentido, mas ainda estamos bastante longe, por isso é que começamos a diversificar e atualmente comercializamos compressores de ar condicionado, pastilhas de travão, discos, sensores e amortecedores, entre outros. Temos as válvulas EGR da Wahler, o líquido aditivo Stanadyne, que é sempre um complemento, os injetores a gasolina e sensores NOx da Vitesco que, como já referi, é uma das nossas mais recentes distribuições e, portanto, temos um portefólio já bastante amplo”. Em paralelo, a MF Pinto tem como marca própria a DTS, com “os nossos injetores recondicionados e criámos também a DTS Clima e a DTS Electric, com motores de arranque e alternadores, que são as três grandes linhas de produtos que nós temos com marca própria. Enquanto MF Pinto, não temos a DTS na parte de turbocompressores, mas apoiamos a nossa empresa em Espanha para essa marca”, explica.
Logística bidiária
A MF Pinto trabalha com o retalho e com as oficinas e garante entregas bidiárias, “há clientes que nos pedem o material da parte da manhã e fazemos a entrega da parte da tarde. Se for da área da grande Lisboa e do Porto, temos a nossa equipa de distribuição que faz a entrega. Se for já fora da nossa área de ação, trabalhamos com várias transportadoras”, explica o responsável. As encomendas são feitas através de uma plataforma B2B, criada pela PHC, a TotalSoft, com os clientes a poder aceder através de login e password. De forma autónoma, podem ver o stock, os preços, ver as contas correntes e, claro, realizar as encomendas, “mas ainda não tem tudo aquilo que nós pretendemos”, diz-nos Paulo Costa Pinto, revelando que estão já a tratar de outro site, “onde vamos dar a possibilidade ao nosso cliente de fazer pesquisa e de identificar as peças, para ver se estão disponíveis em stock”, acredita. Para dar apoio aos clientes, a empresa conta com o departamento comercial e ainda com “duas pessoas no departamento técnico, que dão o apoio que for necessário, não só a nível de injeção, de turbocompressores, e das próprias máquinas CIMAT, que também comercializamos”. No que diz respeito à formação, realizam algumas internas, para colaboradores, promovendo reuniões mensais para lhes comunicar todas as novidades. Também já tivemos uma formação ao nível de turbocompressores, com a nossa máquina da CIMAT, e tivemos clientes que ou compraram a máquina, ou quiseram fazer um «refresh» e vieram a ter connosco e nós demos essa formação”, conta.
Projeção positiva
Atualmente, a MF Pinto tem cerca de seis mil referências ativas e uma estrutura com 50 funcionários, distribuídos entre Lisboa e o Porto, com um total de seis vendedores, para “cobrir o país inteiro, com alguma facilidade, inclusive as ilhas. Ainda pensámos em colocar alguém em Coimbra, mas achámos que não era necessário, pelo menos para já”, afirma o CEO. Neste momento, o responsável entende que não há necessidade de ampliar as instalações, “pois estamos servidos e penso que ainda nos aguentamos durante alguns anos. Este ano tem sido difícil, a nível de investimento, mas, ao mesmo tempo, tem sido bastante proveitoso e com a projeção que temos, vai ser o melhor ano de sempre”, menciona, com satisfação. “Nós temos vindo a crescer de forma sustentável, desde que começámos, todos os anos temos atingido e superado o nosso objetivo e o ano homólogo anterior”, congratula-se, esperando fechar 2024 “com dois dígitos de crescimento face ao ano passado”. A empresa tem as margens cada vez mais esmagadas, uma vez que, segundo o nosso entrevistado, “há cada vez mais concorrência no mercado. Os turbos começaram a ser uma linha de produto bastante apetecível e há outros players que vão entrando”. E Paulo Costa Pinto explica que apesar de não terem “uma margem muito grande, sem margem não conseguimos fazer nada. É daí que vai sair o dinheiro para pagarmos os nossos gastos de estrutura e para reinvestir na empresa. Acautelamos sempre esse lado do negócio”, assegura, garantindo que há coisas igualmente importantes: “A nossa equipa é boa, o que é fundamental, temos uma boa relação com todos. O que tentamos é incutir o nosso espírito, meu e do meu irmão, e a empresa não foge em nada daquilo que é o nosso caráter”, conclui.
“Vamos continuar à frente da nossa empresa”, saiba o que o administrador quis dizer com esta afirmação na edição impressa do Jornal das Oficinas de outubro/novembro, aqui.