Panorama do Aftermarket Europeu

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Um relatório recente da consultora Roland Berger sobre o “Panorama do Aftermarket Europeu” revela que 57% dos distribuidores de peças efetuam mais de três entregas por dia. Nos meios urbanos, três em cada dez distribuidores efetuam mais de cinco entregas por dia, enquanto nas zonas rurais, a frequência mais comum é de 1-2 por dia

Embora existam diferenças significativas entre as zonas urbanas e rurais, é evidente que os distribuidores oferecem um serviço exemplar em termos do número de entregas. Mais especificamente, 57% dos participantes no inquérito afirmaram que, em média, fazem mais de três entregas a oficinas por dia.

Mas é ainda mais surpreendente o facto de 20% deles fazerem mais de 5 entregas por dia a oficinas de reparação. Segmentado por zonas, o número de entregas está a aumentar ainda mais nas zonas urbanas. Trinta por cento dos distribuidores fazem mais de 5 entregas por dia, contra 14% que fazem entre 4 e 5; 23% fazem 3 ou 4 entregas; 16% fazem 1-2 entregas e 9% fazem menos de uma entrega por dia.

Esta situação contrasta com as entregas efetuadas nas zonas rurais, onde o número de veículos é consideravelmente reduzido e onde a concorrência não é tão forte que exija entregas tão urgentes. Mesmo assim, neste tipo de ambiente, 1-2 entregas por dia é a frequência mais repetida (34%), seguida de 20% dos distribuidores que efetuam menos de 1 entrega por dia e 19% que efetuam 3-4 entregas por dia. O número de distribuidores que efetuam 4-5 entregas por dia (apenas 5%) e mais de cinco entregas por dia (apenas 12%) diminui significativamente.

Extrapolando estas percentagens para o mercado português, podemos concluir que o número de entregas de peças nas oficinas portuguesas deve andar em linha com o praticado nos restantes países europeus, embora este número dependa da quantidade de carros assistidos. Uma oficina que atende 20 carros por dia, por exemplo, pode precisar de 5 a 10 entregas diárias para manter o stock adequado. Para oficinas médias em áreas urbanas, uma média de 3 a 5 entregas por dia pode ser ideal, enquanto as oficinas de grande porte podem precisar de até 10 entregas diárias. Em casos de oficinas pequenas ou especializadas, 1 a 2 entregas por dia podem ser suficientes.

Mais do que considerar estes números razoáveis ou excessivos, importa apelar ao bom senso de todos os elementos pertencentes a este mercado para que não se coloquem num ponto de não retorno, com pouca sensibilidade e capacidade de estabelecer pontes entre todos. Será razoável se houver capacidade de incorporar no preço de venda os elevados custos associados à dimensão dessa logística. Se assim não for, será excessivo.

O Aftermarket deveria ser um negócio de peças e serviços onde a questão logística deveria ser apenas um pormenor na relação entre as empresas. Mas o número de entregas diárias atingiu um ponto demasiado elevado o que, consequentemente acaba por afetar todas as empresas que, para além das oficinas e retalhistas, fazem parte da cadeia. É preciso fazer melhor, ou seja, diminuir o número de entregas às oficinas, mas com a competitividade que existe atualmente no mercado é muito difícil os distribuidores baixarem o ritmo das entregas.

Afinal, foram eles que criaram esta habituação no mercado e agora têm de viver com a realidade e tentar ser o mais eficientes possível, para continuar a sustentar esta logística.

O número de entregas diárias que os retalhistas fazem às oficinas, é uma das formas de se diferenciarem, contudo, deve ser avaliado com cuidado, para assegurar que é eficiente e sustentável. Deverá ser procurado um equilíbrio, entre as oficinas que pretendem um acesso rápido às peças e produtos de que necessitam, e os retalhistas que procuram prestar um serviço eficaz e de qualidade, mas sem comprometer a eficiência da operação ou aumentar os custos logísticos sem o devido retorno.