Procura de veículos usados continua a crescer

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Janeiro
 2020 foi um ano de altos e baixos para o mercado de usados. O mercado automóvel atravessa tipicamente uma crise económica a cada 8-10 anos e, em geral, por razões fora do controlo da própria indústria, por exemplo, a crise económica de 2008.

Podem ter passado 12 anos desde essa crise, mas 2020 foi certamente o ano da montanha-russa para a indústria automóvel.

Em Portugal, as vendas de automóveis usados subiram 21,2% em Dezembro de 2020, face a Dezembro de 2019, tendo completado sete meses consecutivos de crescimento das vendas face ao ano anterior.

No entanto, o início da pandemia fez com que Portugal sofresse algumas das maiores quebras nas vendas de usados a nível europeu, uma vez que caíram 37,6% em Março de 2020 e 64,4% em Abril de 2020. Em Maio de 2020, as vendas de automóveis usados também registaram uma queda de mais 9,7% em relação a Maio de 2019, deixando um défice demasiado grande para recuperar e levando a que as vendas de automóveis usados para todo o ano de 2020 desçam 2,8% face a 2019.

Mas o problema parece estar mais do lado da oferta do que na procura. A escassez de stocks tem sido tema recorrente para o mercado português durante grande parte do ano. No entanto, até ao final de 2020 os níveis de stock estavam a recuperar e, em geral, o stock foi 4,2% superior ao início do ano, ainda que pareça insuficiente para satisfazer a procura.

Com o mercado automóvel fortemente influenciado pelo seu regime fiscal, os veículos de alta cilindrada e elevadas emissões de CO2 continuam a ser indesejáveis. A rotação de stock nos veículos a gasolina aumentou 36% em Dezembro de 2020, face ao mesmo período do ano anterior e situa-se agora nos 5,2x, enquanto as vendas de automóveis usados a gasolina aumentaram 65%, indicando claramente as restrições ao stock, nomeadamente nos veículos a gasolina mais pequenos.

As vendas de automóveis usados aumentam nos BEVs (+101%) e híbridos (+91%) juntamente com os níveis de rotação de stock de 3,7x e 3,6x, respetivamente, quando comparados com os níveis do ano anterior, mostrando também pressões de abastecimento nestas motorizações. O nosso índice de preços baseia-se numa amostra constante e consistente de veículos e, por conseguinte, seria de esperar um movimento de paulatina descida dos preços médios devido ao ciclo de vida natural do produto, o que não foi o caso de Portugal desde Maio, devido à escassez de stocks.

Pode ver o Relatório do Observatório Indicata aqui