“Quem não perceber o caminho a seguir corre o risco de desaparecer”, Jorge Costa, MF Pinto
A MF Pinto, cuja principal área de negócio são os turbos e respetivos componentes (assim como os equipamentos de reparação, calibração e formação), remodelou em 2020 as instalações na Abrunheira, contando agora com 2.000 m2 de capacidade de armazenamento e uma melhoria do serviço prestado.
Foi criada uma área técnica para responder com maior celeridade às garantias, o que incrementou “a capacidade de resposta e a qualidade do serviço”, conta Jorge Costa, diretor geral da MF Pinto, para quem a loja na Maia também é “uma aposta ganha”.
Apesar da conjuntura difícil, a exportação está atualmente a funcionar em linha com 2019, e a MF Pinto está ainda presente em Espanha com a Diesel Turbo Systems, que produz a marca DTS, “com um balanço claramente positivo”, pois permite otimizar recursos e aproveitar as sinergias que decorrem, por exemplo, do processo de importação comum, em certas marcas.
A empresa tem vindo a diversificar o portefólio de marcas e linhas de produto e para 2022 está prevista a incorporação de três novas gamas de produtos para “alavancar o negócio no mercado português”, adianta o diretor geral.
Desde há dois anos que a empresa iniciou uma estratégia de diversificação de gamas que não dependam do tipo de motor, para compensar eventuais perdas de faturação que os veículos elétricos possam originar e “está a dar resultados. Encaramos a eletrificação como um desafio, pois quem não perceber o caminho a seguir corre o risco de desaparecer”, defende.
Os turbos e respetivos componentes, assim como os equipamentos para reparação de turbos continuam a ser o negócio principal da MF Pinto?
É uma das áreas principais do nosso negócio, onde conseguimos oferecer equipamentos de reparação e calibração, formação e fornecimento de todos os componentes necessários à reparação de um Turbo.
Como está a funcionar a vossa atividade de exportação? Foi afetada pelos condicionalismos da pandemia?
A exportação está em linha com 2019, estamos satisfeitos com o desempenho do nosso departamento, apesar de toda a conjuntura pandémica difícil.
Estão presentes em Espanha com a Diesel Turbo Systems, que produz a marca DTS. Que balanço faz desta parceria?
O balanço é claramente positivo, a DTS é já uma marca com forte presença na península Ibérica, esta parceria permite-nos otimizar recursos e aproveitar as sinergias que decorrem por exemplo do processo de importação comum, em certas marcas.
Nos últimos anos a MF Pinto em diversificado o seu portfólio de marcas e linhas de produto. Qual o objetivo desta aposta na diversificação de marcas e linhas de produto e quais as mais recentes incorporações e novidades na vossa oferta para o mercado?
A diversificação permitiu-nos complementar os produtos que tradicionalmente os clientes associam à empresa, que são Diesel e Turbos. Iremos apresentar em 2022 três novas gamas de produtos que consideramos importantes e que nos vão permitir alavancar o negócio no mercado Português.
Ao final de dois anos de pandemia, os efeitos da crise para o negócio da MF Pinto foram piores ou menores do que esperavam?
Foram consideravelmente menores do que esperávamos.
Quais os grandes ensinamentos que a pandemia trouxe para a MF Pinto, a nível da gestão, estratégias comerciais e prestação de serviços?
As empresas têm que ser dinâmicas e rápidas a ajustarem-se a novas realidades. Essa flexibilidade é essencial à sobrevivência do negócio, como todos tivemos que desenvolver por exemplo todos os canais digitais.
Como a MF Pinto tem conseguido minimizar o impacto das devoluções a nível de custos e recursos humanos afetos à gestão dessas devoluções?
As devoluções podem ser facilmente um problema no nosso sector. Há que haver regras bem definidas sendo essencial manter os clientes bem informados sobre o procedimento a ter. Neste capítulo seguimos uma política bastante rigorosa.
Decorrente de toda esta situação pandémica, os fornecedores estão a ter falhas de stock com alguma relevância. Que efeitos está a ter na vossa atividade a dificuldade de abastecimento de peças junto dos vossos fornecedores?
Penso que é um problema transversal à maioria das empresas fornecedoras, falta de matéria prima, atrasos no transporte para só enumerar alguns. No nosso caso tivemos e ainda temos nalguns casos ruturas de stock que tentámos minimizar reforçando os níveis de stock.
Considera que os preços das peças vão aumentar nos próximos tempos?
Penso que é inevitável, a tendência é claramente essa.
A perda de margem na comercialização das peças está a criar dificuldades às empresas de distribuição. Como se pode alterar esta situação?
Esse é um dos grandes desafios do Aftermarket nacional e quem não perceber isso vai ter grandes dificuldades. Há empresas que trabalham para Rappel, com margens que muitas vezes não sustentam sequer a estrutura. Só uma gestão rigorosa poderá salvar muitas empresas.
Os fabricantes de automóveis estão cada vez mais ativos no mercado pós-venda. Como vai ser no futuro a convivência entre as marcas de origem e as de aftermarket?
Penso que haverá uma coabitação pacífica e regulamentada, onde todos possam ganhar.
A concentração do negócio da distribuição de peças é uma realidade. Considera que esta tendência vai continuar na Europa e em particular no nosso país?
Os tempos recentes têm nos dito que há de facto uma tendência de concentração do negócio, em Portugal também. As empresas querem ganhar escala, ter acesso a outros catálogos e juntam-se em grupos que são centrais de compras internacionais. Na minha opinião, como em tudo, há vantagens mas também inconvenientes.
Os veículos elétricos requerem menos manutenção do que os veículos a combustão. Como a MF Pinto está a preparar-se para compensar as perdas de faturação que estes veículos vão originar?
A nossa estratégia iniciada há 2 anos de diversificação de gamas de produtos que não dependam do tipo de motor está a dar os seus resultados. Estamos atentos a toda esta mudança de paradigma na indústria automóvel e encaramos a eletrificação como um desafio.
Quais serão as maiores ameaças e, por outro lado, quais serão as maiores oportunidades de toda esta evolução do negócio aftermarket?
Tem que haver forçosamente um ajuste das empresas à nova realidade, quem não perceber o caminho a seguir corre o risco de desaparecer.
Que análise faz do mercado de distribuição de peças automóvel em Portugal e como vê o futuro dos canais aftermarket e de peças originais?
Vejo o mercado Português muito saturado, maduro, onde há demasiada oferta e concorrência tendo em conta o seu tamanho, é um mercado muito limitado. Há poucas empresas portuguesas que olham para outros mercados, penso que cada vez mais temos que olhar para fora do nosso retângulo. No nosso caso é na exportação onde contamos continuar a crescer.
Considera que os canais de distribuição tradicional vão manter-se: Fabricantes – Distribuidores – Retalhistas – Oficinas?
Penso que se irão manter assim por mais alguns anos, não vejo a curto prazo que essa cadeia se altere significativamente.