“As marcas premium têm de demonstrar valor para marcar a diferença”
Neste momento, a prioridade para as oficinas deve ser “adquirir os conhecimentos e serem certificadas para manter e reparar veículos elétricos (VE)”, diz-nos Jérôme Gendre, da Grupauto Internacional, que sabe que “a maior parte das peças que devem ser substituídas são comuns aos veículos ICE tradicionais (pneus, baterias tradicionais, travões, peças do chassis…)”
Além disso, “todo o parque automóvel não mudará de um dia para o outro”, pelo que, nesse caminho, o responsável do Groupauto International recomenda “que se estude primeiro o parque automóvel local, uma vez que os veículos elétricos não estão representados de forma homogénea em todas as regiões”.
A seu ver, “o mercado independente de pós-venda (IAM) demonstrou durante muito tempo que era um mercado resiliente que sobreviveu a todas as crises. Atualmente, estamos perante uma evolução a longo prazo que permite a toda a cadeia de valor adaptar a sua oferta”. Como o parque automóvel está a envelhecer e o valor residual dos veículos está a diminuir, Jérôme Gendre nota que “há uma procura crescente de peças reutilizadas e remanufaturadas. A única diferença entre ambas é que as peças reutilizadas não estão disponíveis a pedido e dependem da disponibilidade de automóveis antigos, enquanto as peças remanufa- turadas provêm da indústria. É óbvio que esta tendência irá crescer por razões económicas e de sustentabilidade”, alerta. Na opinião do diretor comercial, “as marcas de qualidade superior, especialistas em multiprodutos ou multimarcas, têm de demonstrar um valor acrescentado para marcar a diferença e continuar a ser a primeira escolha. O seu desafio é adaptar-se à procura do mercado, mantendo o seu nível global de margem… in value”.
O mesmo acredita que “o mercado continua a ser muito fragmentado e que a concentração vai continuar. Para fazer face aos desafios atuais e futuros, a distribuição organizada e altamente profissional continuará a ser a norma, enquanto a distribuição integrada ou independente continuará a ser uma realidade. Haverá sempre um espaço para os atores independentes, mas organizados em grupos. Os «lobos solitários» puramente independentes não sobreviverão”. Por outro lado, havendo um parque automóvel diversificado e alargado para servir, Gendre defende que não será possível armazenar toda a gama, “por razões óbvias de espaço. O fator-chave para o sucesso é o investimento em TI para automatizar os fluxos e uma cooperação estreita com os distribuidores e os fabricantes de peças”.
Para o futuro, “a Groupauto International continua a implementar a sua «Estratégia Driving to Tomorrow», centrada na expansão internacional para abranger novas regiões, como a Índia ou a Escandinávia, ou para desenvolver as principais regiões promissoras, como o Médio Oriente e a Ásia. A expansão global da Eurogarage e da rede de oficinas Top Truck é também um dos principais objetivos, bem como a digitalização das suas operações para potenciar novas oportunidades de crescimento com frotas.
Por último, com o apoio dos seus fornecedores preferenciais de peças de equipamento original, a Groupauto International continua a desenvolver a sua oferta global de peças para os seus membros em todos os continentes e em todos os segmentos de veículos ligeiros de passageiros, veículos comerciais ligeiros e veículos elétricos”, remata.
Esta entrevista também está disponível na edição impressa e online da Revista TOP100 Distribuidores 2024, aqui.