Equipamentos de calibração de sensores ADAS
Após certas intervenções na oficina, os sensores utilizados pelos sistemas ADAS para o seu funcionamento necessitam de ser calibrados. A CESVIMAP analisou diversos equipamentos multimarca de calibração de sistemas ADAS
A instalação de ADAS na maioria dos carros novos, exige que as oficinas de reparação possuam conhecimento sobre estes dispositivos e saibam como os substituir. O objetivo é que recuperem o seu funcionamento ideal como garantes da comodidade e da segurança de condução e não sejam afetados pelas intervenções dos profissionais.
Para o efeito, é preciso calibrá-los utilizando equipamentos específicos. Deste modo, após a substituição de um para-brisas com câmara, ou a reparação ou substituição de um para-choques com radares será necessário reorientar o sensor, sempre que o mesmo não tenha sofrido danos. Este ajuste de parâmetros é conhecido como calibração e, dependendo do sensor e do tipo de veículo, será realizado de forma estática, com o veículo parado, ou dinâmica, circulando na via.
Em função da oficina onde o veículo seja reparado, este processo de ajuste será realizado com o equipamento original da marca, caso se trate de um concessionário, ou com um equipamento multimarca, caso se trate de uma oficina generalista, que pode calibrar os sensores de diferentes fabricantes.
Focando-nos nos equipamentos multimarca, um dos pioneiros a lançar o seu equipamento foi a Hella-Gutmann, em 2016, mas existem mais marcas: Autel, Corghi, Mahle ou Texa. A CESVIMAP testa, desde há algum tempo, tanto os ADAS que ajudam à condução, como diversos equipamentos de calibração, para verificar o seu funcionamento. Embora apresentem características similares, cada um tem certas peculiaridades.
Componentes dos equipamentos
Os equipamentos de calibração de sensores ADAS, são constituídos por: uma máquina de diagnóstico, uns painéis de referência, um carrinho de apoio para os posicionar e dois suportes, que se colocam nas rodas do veículo para colocar os painéis de forma paralela e centrada com o sensor. Independentemente destes sensores terem de ser ajustados de forma estática ou dinâmica, é imprescindível utilizar conjuntamente um equipamento de diagnóstico.
Este indicará os passos a seguir até que seja concluído o processo de calibração. É importante ter em conta que se o veículo a calibrar acaba de sair para o mercado, é provável que não se encontre num equipamento multimarca, e portanto, apenas a oficina de marca poderá ajustar os sensores. Por esta razão, é necessário atualizar com frequência o software destes equipamentos, para acrescentar os novos modelos que progressivamente vão sendo incluídos, assim como novos sistemas de diagnóstico.
Quando a calibração é estática, é necessário utilizar os restantes componentes – suportes, garras… – juntamente com os painéis de referência. Colocam-se diante do sensor, seguindo as indicações do fabricante, para que assuma as referências e fique alinhado com o objetivo. Para calibrar a câmara do para-brisas existe uma série de padrões, tipo códigos QR, que variam, dependendo da marca do veículo e, por vezes, até do modelo. A Toyota, por exemplo, tem até quatro diferentes.
Muitos dos painéis estão incluídos ao comprar o equipamento, mas outros, é necessário adquiri-los progressivamente em função das necessidades. Isto é comum em todas as marcas, mas o preço por unidade varia em função do equipamento.
Fabricantes como a Autel procuraram alternativas aos painéis rígidos, substituindo-os por painéis magnéticos enroláveis, que ocupam menos espaço, ou painéis de menor dimensão, denominados alvos. A combinação de dois deles forma a referência final. Outros, como a Mahle, substituíram os quadros padrão por um ecrã (televisor 4K) no qual os painéis aparecem automaticamente quando a máquina de diagnóstico comunica com o veículo, ajustando o seu tamanho em função da distância a que se encontre o painel de referência e a câmara que se vai calibrar.
A principal vantagem deste equipamento é que não é necessário ter um espaço na oficina para guardar os painéis. Além disso, é mais cómodo, visto que o técnico não tem de localizar nem colocar no carrinho de apoio o quadro padrão de que necessita. Pode ser uma ideia do rumo de evolução que estes sistemas seguirão.
Quanto aos radares frontais, o painel refletor que é utilizado para a sua calibração é metálico ou de espelho, e as suas dimensões, mais reduzidas em relação aos usados para as câmaras. Costuma ser genérico para todos os veículos, embora haja equipamentos, como o da Autel, que tem placas específicas para calibrar o radar dianteiro de certos modelos de veículos.
Para colocar os painéis de referência é necessário um carrinho de apoio, que inclui um regulador de altura, espelhos e escalas de ajuste em ambas as laterais. Alguns equipamentos incluem na própria estrutura duas fitas métricas ou medidores laser de distância para colocar o painel em relação ao veículo. No caso do equipamento da Corghi, este valor é transmitido automaticamente ao software, minimizando a possibilidade de erros e poupando tempo.
Câmaras de estacionamento
As câmaras de estacionamento, nomeadamente as que permitem visualizar todo o espaço envolvente do veículo num único ecrã – câmaras 360°-, também necessitam de ser calibradas. Normalmente, será necessário após operações como a substituição de uma delas (inseridas no para-choques dianteiro, na porta da bagageira e, geralmente, também nos espelhos retrovisores exteriores) ou caso se realizem reparações em zonas próximas da carroçaria.
A calibração consiste em colocar referências diante das diferentes câmaras. Podem ser criadas pelo operário através de fita de proteção, ou utilizar diretamente uns tapetes com desenhos específicos de cada fabricante de veículos. Apesar de este processo de calibração ser menos frequente, visto que o veículo não vai utilizar a informação processada para tomar decisões relevantes, quase todos os fabricantes de equipamentos multimarca têm suporte para esta tecnologia.
Implicações para a oficina
Basicamente, são duas as coisas que preocupam a oficina: o tempo e o dinheiro. No primeiro caso, o tempo de calibração não é padronizado. Varia em função do sensor a calibrar, da marca do veículo e do equipamento utilizado. Na calibração estática, 80% do tempo é utilizado na preparação do cenário; o processo em si é concluído em poucos minutos, sendo uma questão de seguir as orientações indicadas pela máquina de diagnóstico.
Em relação ao preço, estes equipamentos variam entre 12.000 e 17.000 €, dependendo das capacidades do equipamento. Não custa o mesmo um equipamento que calibra exclusivamente câmaras (interessante para as oficinas de reparação e substituição de vidros), que outro que permite, também, calibrar radares frontais, ou de igual modo, radares traseiros e câmaras de estacionamento.
O preço também varia em função do software incluído na máquina de diagnóstico, visto que alguns também permitem diagnosticar falhas do motor, com tecnologia OBD (não só de ADAS), e também não só de ligeiros, visto que podem incluir modelos industriais, motociclos… e até barcos!
Por norma, o equipamento de diagnóstico pode ser atualizado de forma gratuita durante um ano, devendo posteriormente ser comprada a licença para futuras atualizações. Cada oficina deve escolher o equipamento que melhor se adapte às suas necessidades, visto que é evidente que adquirir um equipamento universal de calibração implica um grande investimento económico. Também é necessário dispor de um espaço para o guardar, com as dificuldades próprias de o transportar.
Perante isto, muitos fabricantes contam com soluções “à medida”. A Autel, a Hella-Gutmann e a Texa dispõem de equipamentos portáteis, leves e de tamanho reduzido, mais versáteis. Como vemos, a necessidade de calibrar os sensores para ADAS é inegável. Tanto as oficinas como os fabricantes estão conscientes disso e o mercado destes equipamentos é cada vez mais competitivo, tanto em preço como em inovação.
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