“Não se consegue vender um produto premium a um baixo preço”

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Sobre a implantação dos veículos elétricos no parque automóvel, Ricardo Peris, da MANN+HUMMEL Ibérica,  salienta que “há muitas peças sobressalentes que são importantes no mercado de pós-venda hoje em dia, que não são utilizadas pelos veículos elétricos, pelo que as consequências seriam uma perda de volume em alguns componentes e um aumento nos que são instalados neste tipo de veículos. Esta mudança de veículos de combustão para veículos elétricos, se acontecer, não será tão rápida como se esperava. Mas veremos se o regulamento proposto, que implica que os veículos de combustão não podem ser fabricados em 2035, é implementado, pois, com os dados atuais, parece complicado”, observou

O diretor comercial IAM da MANN+HUMMEL Ibérica é da opinião que “a sustentabilidade, e dentro dela a economia circular, é uma das pedras angulares da nossa sociedade, não no futuro, mas já no presente”, pelo que considera que as vendas das peças reutilizadas ou remanufaturadas “deverão aumentar, com as empresas a fazerem da remanufatura a base do seu negócio”. Com a chegada ao mercado de fabricantes multimarcas com qualidade comprovada e preços muito competitivos, o nosso interlocutor declara que “as marcas premium estão sempre sob pressão de preços, mas ninguém consegue vender um produto premium, com qualidade de primeira, a um preço baixo. O mercado define as etapas de qualidade e preço. Uma frota envelhecida opta por produtos de qualidade inferior e a preços mais baixos, e é aqui que entram as marcas de distribuidor e os produtos a preços mais baixos”.

Peris defende que, no meio da tendência para a concentração dos distribuidores, “haverá um mercado para todos. A consolidação far-se-á através de aquisições, mas num mercado tão fragmentado como o mercado ibérico, muitos pequenos e médios distribuidores manter-se-ão, em muitos casos graças a acordos com estes grandes distribuidores. Os grandes distribuidores terão de manter um elevado nível de existências para servir os retalhistas que deles dependem, uma vez que esta será uma parte importante da sua estratégia. Os distribuidores mais pequenos poderão reduzir os seus níveis de stock se o nível de serviço do seu fornecedor o permitir.

Sem dú- vida que o desafio mais importante do futuro terá muito a ver com a logística, o stock e o serviço”. Quanto à descarbonização dos transportes prevista para 2050, Ricardo Peris prefere encará-la “de forma utópica”, afirmando que “seja qual for o tipo de propulsão, o distribuidor de peças sobresselentes adaptar-se-á ao mercado que tem. As peças sobresselentes serão vendidas para os veículos que estão no mercado”. O responsável considera também que “em todos os negócios haverá atividades em que a IA estará no centro e o pós-venda evoluirá com o resto da sociedade”.

Para o futuro, o nosso interlocutor recorda que a MANN+HUMMEL “é uma empresa diversificada que, embora a mobilidade seja uma parte importante do seu negócio, está também fortemente envolvida na filtragem industrial, em áreas como a filtragem da água e do ar, procurando um mundo mais limpo. Isto permitir-nos-á estar presentes na sociedade e contribuir para o seu desenvolvimento através da filtração. No entanto, a nossa presença na filtração de veículos é tão forte, tanto no OEM como no IAM, que estes são mercados em que continuamos a investir, desenvolvendo produtos inovadores e procurando responder aos desafios do futuro”.

Esta entrevista também está disponível na edição impressa e online da Revista TOP100 Distribuidores 2024, aqui.