“A oficina valoriza, ainda mais do que o preço, o serviço e disponibilidade de produto”
A transição para o veículo elétrico implicará uma grande transformação no mercado do pós-venda, mas ainda faltam alguns anos. Para já, o mercado de assistência, tal como o conhecemos, ainda vai durar muito tempo”, declara Gerard Alcalà, diretor comercial do Grupo Serca, que questiona se, no futuro, “a eletricidade será a tecnologia maioritariamente adotada se for esse o caso, isso significará que a oficina terá de se especializar, serão vendidas menos peças, à medida que o motor de combustão for sendo gradualmente eliminado e teremos de nos adaptar, como sempre fizemos. Somos um setor muito resiliente e certamente que também nos vamos sair bem”, confia o diretor comercial
A seu ver, “o declínio do consumo de peças dependerá do ritmo de adoção de veículos elétricos ou de outras tecnologias alternativas que possam surgir, mas ainda faltam alguns anos para que as vendas destes produtos se tornem marginais”.
Sobre as peças automóveis que podem ser reutilizadas ou remanufaturadas, o diretor comercial prefere “ser mais cauteloso” e acredita que desempenharão “um papel muito importante no nosso setor, em parte devido aos requisitos das novas regulamentações, à vontade dos fabricantes e à procura dos consumidores. O Grupo Serca tem vindo a trabalhar em estreita colaboração com os nossos fornecedores nesta direção há já vários anos”.
Quanto ao aparecimento de fabricantes multimarcas com qualidade comprovada e preços muito competitivos, Alcalà é da opinião de que “há mercado para todos, sobretudo tendo em conta a idade do parque automóvel, que envelhece de ano para ano. No nosso caso, estamos claramente empenhados nos fabricantes premium, mas temos também a marca própria (Serca e Drive+) a cobrir as necessidades dos veículos que não necessitam de um produto OE”.
O responsável do Grupo Serca considera que “a concentração na grande distribuição é uma tendência, mas o mercado ibérico não é como noutros países europeus. Acredito sinceramente que a distribuição tradicional ainda tem muito para oferecer, pela sua experiência, pela sua relação com o cliente, pela sua capacidade de adaptação, pela sua forma de ganhar o mercado e, em muitos casos, pela sua agilidade e capacidade de resposta no serviço…” Relativamente à forma como as encomendas serão feitas, o responsável entende ser necessário “ver como a indústria evolui, mas, por agora, o que uma oficina valoriza mais, ainda mais do que o preço, é o serviço e a disponibilidade. O distribuidor que tem a peça é aquele que tem sucesso”.
Gerard Alcalà não crê “que seja viável que em 2050 o parque esteja totalmente descarbonizado ou que os motores de combustão tenham desaparecido sem antes explorar outras tecnologias ou soluções intermédias”. Para os próximos anos, explica, o objetivo na Serca “é maximizar a rentabilidade dos nossos parceiros através da inovação e da sustentabilidade, enquanto que, em Portugal, é consolidar uma rede de distribuidores forte e homogénea, que lhes permita manter a sua independência comercial e enfrentar os desafios do mercado do pós-venda nos próximos anos.
A nossa principal aposta é em estratégias de trabalho conjunto, no estabelecimento de alianças com fornecedores de peças e frotas de veículos, e numa gama de serviços premium, incluindo as nossas redes de oficinas, para que a oficina possa enfrentar todos os desafios que surgirão nos próximos anos na reparação de veículos”.
Esta entrevista também está disponível na edição impressa e online da Revista TOP100 Distribuidores 2024, aqui.