Tempos desafiantes!

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A indústria automóvel europeia enfrenta tempos desafiantes, causados por uma combinação de fatores estruturais, económicos e tecnológicos. A pressão para atingir metas ambientais rigorosas forçou a indústria a investir fortemente em veículos elétricos (VE), contudo, a adoção de VE desacelerou devido ao alto custo, falta de infraestrutura de carregamento e cortes em subsídios governamentais

Os fabricantes chineses ganham mercado na Europa com veículos elétricos mais baratos, colocando pressão sobre as marcas tradicionais europeias que, devido à falta de políticas industriais coordenadas e de apoio governamental não estão a conseguir adaptar-se às mudanças rápidas do setor. A indústria automóvel europeia precisa equilibrar a transição para veículos sustentáveis, lidar com a concorrência global e reavaliar as suas estratégias de mercado para enfrentar a crise, mas não está a ser fácil.

O que se está a assistir é que a velha Europa está a deixar de ser um dos players fundamentais no setor automóvel, passando o protagonismo para a Ásia que rapidamente passará a produzir 60% do volume mundial de veículos ligeiros. Só o Japão sozinho, está a produzir 25 milhões de veículos por ano e a Índia já produz 3 milhões de veículos e tem como objetivo chegar aos 7 milhões em 2030, portanto vai ser aqui também um key player neste panorama. E com tudo isto a indústria europeia sai fragilizada, com cortes severos ao nível da produção e no número de trabalhadores.

A proliferação das marcas de veículos asiáticos traz novos desafios também para o aftermarket, porque o portfólio de peças oferecidas pelos distribuidores vai ter de ser distinto daquilo que é o panorama atual. E temos também a concentração do mercado em grandes grupos internacionais, onde se incluem os fabricantes de automóveis e os seus concessionários, que são muito diferentes do que eram há vinte anos atrás.

Hoje, os concessionários de marcas são oficinas multimarcas. Veja-se o caso da Santogal que partilha as suas oficinas com vinte ou trinta marcas distintas. Isto acontece porque o mercado das peças e da reparação é muito apetecível e cada vez mais cobiçado pelos grandes fabricantes de automóveis, embora ainda tenham muito que aprender com o IAM no que diz respeito a logística, agilidade e proximidade às oficinas.

Qualquer que seja a tendência, nada vai parar a transição para a E-Mobility, e é por isso essencial que as oficinas se preparem de forma responsável e comprometida para enfrentar as mudanças iminentes.

Com a crescente adoção de veículos híbridos e elétricos, haverá uma mudança na procura por serviços de manutenção e reparação de automóveis, uma vez que estes veículos possuem uma mecânica diferente dos motores de combustão interna.

O pós-venda também terá novas necessidades relacionadas com a manutenção e reparação de baterias e sistemas elétricos, que serão cruciais para garantir o desempenho destes novos veículos. Além disso, com o aumento da conectividade dos veículos elétricos, as oficinas também têm de estar preparadas para lidar com atualizações de software e diagnósticos remotos. Em conclusão, a transição para a E-Mobility vai trazer muitos novos desafios e oportunidades para a indústria automóvel e para o pós-venda em particular, e é importante que as empresas se adaptem e invistam em tecnologias e formação para atender às novas necessidades dos clientes.

Para se prepararem para a chegada da E-Mobility, é imperativo que as oficinas invistam em formação especializada em veículos elétricos e híbridos, a fim de compreender todas as especificações da sua mecânica e eletrónica. Ao adotar estas medidas, as oficinas estarão melhor preparadas para atender às necessidades dos clientes com veículos elétricos e híbridos, o que pode aumentar a sua reputação e atrair mais clientes, dando-lhes uma vantagem competitiva no mercado.

Poderá também ler este artigo na edição impressa do Jornal das Oficinas de dezembro 2024/janeiro 2025, aqui.